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Capítulo XIX

1 Depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de uma imensa multidão, que dizia: Aleluia! A salvação e a glória e o poder pertencem ao nosso Deus;
2 porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e das mãos dela vingou o sangue dos seus servos.
3 E outra vez disseram: Aleluia. E a fumaça dela sobe pelos séculos dos séculos.
4 Então os vinte e quatro anciãos e os quatro seres viventes prostraram-se e adoraram a Deus que está assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia!
5 E saiu do trono uma voz, dizendo: Louvai o nosso Deus, vós, todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes.
6 Também ouvi uma voz como a de grande multidão, como a voz de muitas águas, e como a voz de fortes trovões, que dizia: Aleluia! Porque já reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso.
7 Regozijemo-nos, e exultemos, e demos-lhe a glória; porque são chegadas as bodas do Cordeiro, e já a sua noiva se preparou,
8 e foi-lhe permitido vestir-se de linho fino, resplandecente e puro; pois o linho fino são as obras justas dos santos.
9 E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. Disse-me ainda: Estas são as verdadeiras palavras de Deus.
10 Então me lancei a seus pés para adorá-lo, mas ele me disse: Olha, não faças tal: sou conservo teu e de teus irmãos, que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia.
11 E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco; e o que estava montado nele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga a peleja com justiça.
12 Os seus olhos eram como chama de fogo; sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo.
13 Estava vestido de um manto salpicado de sangue; e o nome pelo qual se chama é o Verbo de Deus.
14 Seguiam-no os exércitos que estão no céu, em cavalos brancos, e vestidos de linho fino, branco e puro.
15 Da sua boca saía uma espada afiada, para ferir com ela as nações; ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso.
16 No manto, sobre a sua coxa tem escrito o nome: rei dos reis e Senhor dos senhores.
17 E vi um anjo em pé no sol; e clamou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, ajuntai-vos para a grande ceia de Deus,
18 para comerdes carnes de reis, carnes de comandantes, carnes de poderosos, carnes de cavalos e dos que neles montavam, sim, carnes de todos os homens, livres e escravos, pequenos e grandes.
19 E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos para fazerem guerra àquele que estava montado no cavalo, e ao seu exército.
20 E a besta foi presa, e com ela o falso profeta que fizera diante dela os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e os que adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.
21 E os demais foram mortos pela espada que saía da boca daquele que estava montado no cavalo; e todas as aves se fartaram das carnes deles.



1. “E, DEPOIS destas coisas, ouvi no céu como uma grande multidão,
que dizia: Aleluia, Salvação, e glória, e honra, e poder pertencem ao
Senhor nosso Deus”.


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“...depois destas coisas”. O presente capítulo, reassume o quadro cronológico do futuro, a partir do ponto que foi deixado no capítulo 16.16 deste livro. após tantos acontecimentos sombrios observados nos capítulo anteriores, agora, os céus se manifestam com um brado de “Aleluia”.

I  A palavra “aleluia” (jalai jah) é uma transliteração da expressão hebraica litúrgica: hallel~u-yâh = “louvai vós Yah”, forma abreviada de Yahweh: “Louvai ao Senhor”. A palavra “Aleluia” está também associada com o nome pessoal de Deus, como pode bem ser contemplado no Salmo 68.4, onde o nome de Deus é citado em conexão com o louvor. O vocábulo, “Aleluia”, tem o sufixo “jah”, e significa “Louvai ao Senhor”. No Novo Testamento, esta forma – Aleluia – aparece quatro vezes, e,todas, somente neste capítulo. A forma “Louvor ao Senhor” é muito freqüente nos Salmos: (106, 112, 113, 117, 135, 148, e 150). Os rabinos ensinam que os salmos 113 e 118 (chamados também de “O Louvor”), são parte da educação escolar primária de todo menino hebreu.

II  O quinto versículo deste mesmo capítulo dá sua tradução grega: sim a
palavra “Aleluia” é, na realidade, a mais breve de todas as doxologias.

2. “Porque verdadeiros e justos são os seus juízos, pois julgou a
grande prostituta, que havia corrompido a terra com a sua prostituição, e
das mãos dela vingou o sangue dos seus servos”.


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 “...julgou a grande prostituta”. A grande Babilônia ainda está em foco nesta secção: ela corrompeu com sua imoralidades, e espírito de embriagues e orgia todo o Império durante a sua existência (cf. Éster capítulo 1 e Daniel capítulo 5). Havia ali também exigência à idolatria do culto ao Imperador (ponto de vista histórico), e à idolatria da adoração ao anticristo (ponto de vista profético). Comparar com Ap 17.2, 3; 18.3, 5.

I No presente capítulo existem duas palavras significativas: sendo que a primeira vem do mundo da redenção: “Salvação”, e, a segunda, do mundo moral: “Vingou” (vs. 1 e 2) Ambas mostram a justiça da parte daquele que disse: “Minha é a vingança, eu recompensarei, diz o Senhor” (Rm 12.19). Deus lembra-se do seu povo (salvação) porém não esqueceu dos seus inimigos (vingou) que há séculos vinham derramando sangue inocente “dos seus servos”. Será finalmente galardoado, se for sofrido por causa de fidelidade a Cristo: o sofrimento do cristão. Outrossim, nenhum sofrimento é final. A dor não escreve o último capítulo da História Humana.

3. “E, outra vez disseram: Aleluia. E o fumo dela sobe para todo o
sempre”.


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 “...outra vez disseram: Aleluia”. O texto em foco descreve o segundo “Aleluia” pronunciado pela assembléia do Céu, por causa do que já aconteceu e do que está prestes a acontecer. “Esse louvor aborda particularmente a vingança de Deus (mas com justiça) contra homens ímpios e irracionais. A justiça precisa ser feita; e sê-lo-á, finalmente. Disso somos assegurados. O mundo se transformaria em caos, se não fora a operação desse princípio”. O leitor deste livro do Apocalipse deve observar como os juízos de Deus sempre mudam as coisas: É descrita aqui a fumaceira da ruína da cidade (capítulo 14.11 e 18.8, 18), ao invés de incenso. O fumo dela sobe para todo o sempre, é o que assegura a sentença divina. Todos sabem que, historicamente falando, está em foco a Roma pagã. Ela também foi queimada. Profeticamente falando, está em pauta o Anticristo e todo o seu poder mundial. Todos serão punidos por Deus. Ninguém escapará de suas mãos (Dt. 321.39). Todos perecerão sem misericórdia diante do terrível castigo, mas justo, enviado a eles.

4. “E os vinte e quatro anciãos, e os quatro animais, prostraram-se e
adoraram a Deus, assentado no trono, dizendo: Amém. Aleluia”. 


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“...dizendo: Amém. Aleluia”. O leitor deve observar como este livro se harmoniza entre si em cada detalhe. Os “vinte e quatro anciãos, e os quatro animais” aparecem em quase todas as cenas do Apocalipse (4.4, 10; 5.5, 6, 8, 11, 14; 7.11, 13; 11.16; 14.3; 19.4), agora, porém, eles dão o “Amém”: final de sua missão, e não reaparecem mais, a não ser quando nós os encontramos na Eternidade. No presente versículo eles são vistos a adorar a Deus. Isso já fora dito em Ap 4.10 e 7.11, onde devem ser consultadas as notas expositivas sobre esse assunto. Na primeira passagem, eles também lançaram suas coroas diante do Senhor. E isso significa que tudo quanto possuem, tudo o que são, em seu poder e autoridade, lhes fora dado pelo Cordeiro de Deus, para prestarem esse serviço eterno. O “Amém”, final de sua missão, é também bastante significativo neste livro. A palavra “Amém” é usada nada menos de dez vezes neste livro, e nesta secção, foi: “Assim seja!”. Além deste “Amém” do texto em foco, aparece também o terceiro “Aleluia” pronunciado no interior do céu, como um brado de confirmação.

5. “E, saiu uma voz do trono, que dizia: Louvai o nosso Deus, vós,
todos os seus servos, e vós que o temeis, assim pequenos como grandes”.



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“...Louvai o nosso Deus”. A poderosa voz ecoada no trono, não pode se identificada como sendo a “voz do Cristo”, pois jamais ela a teria pronunciada assim: “Nosso Deus”. Isso é, incluindo seus servos a Sua Pessoa. (Ver notas expositivas sobre isso, em 3.12). evidentemente, foi a “voz” de um elevado poder angelical componente do grande “Coral do Céu” (cf. Is 6.1 e ss). A poderosa voz grita em termo de exortação: “Louvai a nosso Deus”. Isso é também uma tradução do hebraico “Aleluia”. Significa que, na verdade, temos aqui neste capítulo “5 aleluias”, embora, a própria palavra só figure quatro vezes.

I  Todo os seus servos. Os termos “sevos” e “servidores”, em hebraico é “ebed e abad”, conota trabalho e submissão. No campo religioso toma este termo sentido mais rico: “servo” é quem está sujeito a Deus e trabalha no seu serviço. Nesta secção, porém, segundo se depreende, “servos”, inclui os seres angelicais (os grandes), e os crentes (pequenos) em Cristo, para formarem o grande “Coral Celestial”.

6. “E ouvi como que a voz de uma grande multidão, e como que a voz
de muitas águas, e como que a voz de grande trovões, que dizia: Aleluia:
pois já o Senhor Deus Todo-poderoso reina”.


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“...Aleluia”. O quarto Aleluia agora é universal, ele ecoa não só no interior do céu, o espiritual, onde angélicos filhos de Deus, juntamente com os santos de todos os tempos, estão adorando ao Senhor na beleza da santidade; mas ao mesmo tempo ele também é ouvido na terra, dando, assim, abertura ao “Reino Milenial” de Cristo. Estes “Aleluias” marcam no presente texto, quatro pontos focais:

I (a) Aleluia! Salvação; (b) Aleluia! o juízo é vindo sobre os inimigos de Deus e do Seu Ungido; (c) Aleluia! Deus é digno de ser adorado porque é o Senhor da adoração; (d) Aleluia! O reino de Deus é estabelecido, e Deus reina ao lado de seu Filho para todo o sempre: Deus é o Todo-poderoso porque tem todo o poder. Só neste livro Ele é chamado oito vezes por este nome completo: Todo-poderoso. Na maioria desses casos é o Senhor Deus Todo-poderoso que está em pauta. Mas isso não isola a autoridade de Cristo ao lado de Deus, pois o trono e o reino são tanto de Deus como de Cristo (Ef 5.5).

7. “Regozijemo-nos, e demos-lhe glória; porque vinda são as bodas do
Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou”.


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 “...as bodas do Cordeiro”. Entre os judeus as bodas eram celebradas durante sete dias com grande alegria (Jz 14.12, 15, 17, 18). As bodas de Jacó duraram sete dias nos quais houve grande alegria (Gn 29.27, 28). Na simbologia profética das Escrituras Sagradas, os sete dias das bodas apontam para os sete anos das bodas do Cordeiro, pois em termos proféticos um dia equivale um ano (Nm 14.34; Ez 4.6; Jo 4.9). Naquele “...dia Cristo se unirá a Igreja para nunca mais se separar dela. Estaremos com ele no tribunal; nas bodas; na ceia; na sua manifestação (parousia); no Milênio; no juízo final; na Nova Terra; finalmente na eternidade! Este é o ponto alto de nossa infinita felicidade, alegria e paz: “sempre com o Senhor”. Para alguns comentaristas, é um tanto estranho e expressivo: “...a sua esposa se aprontou” quando é Cristo quem tudo fez por nos! o sentido da expressão parece indicar, no entanto, que há algo que deve ser realizado pela Igreja Jesus disse: “...eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.15b).

8. “E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente;
porque o linho fino são as justiças dos santos”.


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 “...se vestisse de linho fino”. No versículo anterior nos é dito que a noiva já se aprontou; agora, no presente texto, seu vestido é tudo bordado e branqueado no sangue do Cordeiro (cf. Sl 45.14 e Ap 22.14), pois ninguém pode entrar nesta festa com “...vestidura estranhas” (Sf 1.8; Mt 22.11). Alega-se, diz Dr. Geo Goodman que não existia o costume de dar vestes nupciais nos banquetes orientais, como bodas, aniversários, mas, alguns escritores apóiam que sim, e, biblicamente falando, se fazia assim, José apresentou mudas de roupa a seus irmãos (Gn 45.22), Sansão, no seu casamento, deu trinta mudas de vestidos aos seus companheiros (Jz 14.12), e Geazi a Naamã mudas de roupa para os moços que vieram da montanha de Efraim, alegando que tinham vindo visitar seu amo (2Rs 5.22). Notemos que apenas um homem que entrou no banquete do rei sem as vestes núpcias foi expulso sem misericórdia (Mt 22, 11-13).

9. “E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados
à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras
palavras de Deus”.


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“...Escreve: Bem-aventurados”. O livro do Apocalipse contém sete Bem-
aventuranças, sendo esta a quarta delas 1. (a) “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”. Ap 1.3;

(b) “E ouvi uma voz do céu, que dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam”. Ap 14.13;

(c) “Eis que venho como ladrão. Bem-aventurado aquele que vigia e guarda os
seus vestidos, para que não ande nu, e não e vejam as suas vergonhas”. Ap 16.15;

(d) “E disse-me: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas
do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus”. Ap 19.9;

(e) “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos”. Ap 20.6;

(f) “Eis que presto venho: Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da
profecia deste livro”. Ap 22.7;

(g) “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas”. Ap 22.14. Todas essas “Bem-aventuranças” cairão sobre aqueles que, durante suas vidas na terra, tiveram a pessoa de Deus como Bem-aventurado (1Tm 6.15).

10. “E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos, que tem o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.


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 “...adora a Deus”. Os gnósticos adoravam aos anjos (Cl 2.18); e essa fé religiosa era uma forte influência em todas as igrejas da Ásia Menor. Os nicolaítas, em Ap 2.6, provavelmente eram uma seita gnóstica libertina, e a Jezabel de Ap 2.20, evidentemente era líder de alguma dessas seitas. De acordo com o R. N. Champrin, Ph, D. oito livros do Novo Testamento foram escritos para combaterem essa filosofia herética: Colossenses, as três Epistolas de João, Judas e 1 e 2 Timóteo e Tito. Apenas pelo conceito das Escrituras, sabemos que um anjo recebeu adoração, e não podia ser de outra maneira, pois o anjo era Cristo (Js 6.13-15).

I  O testemunho de Jesus é o espírito de profecia. O testemunho de Cristo será levado a efeito por meio da “profecia”, conforme se vê no presente versículo. O Espírito de Cristo é quem inspira a profecia deste livro do principio ao fim (1.3; 11.6; 19.10; 22.7; 18.19). A palavra em foco ocorre sete vezes no Apocalipse e a palavra ‘profeta” por doze; portanto o livro traz o selo da profecia, e a raiz desta se encontra em quase todo o restante da Bíblia e o seu fruto é reunido neste último livro da Bíblia.

11. “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco e o que estava
assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com
justiça”. 


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 “...Eis um cavalo branco”. Já tivemos ocasião de falar acerca deste símbolo, em Apocalipse 6.2. Ali, provavelmente o Anticristo imita a Cristo. O cavalo branco é o animal militar dos elevados oficiais. Na simbologia profética, dependendo do texto ou do contexto, é símbolo de pureza e vitória. O cavaleiro deste “cavalo branco” não deve ser confundido com o mesmo de Apoc 6.2, o cavaleiro do primeiro selo. O tempo presente dos verbos mostra o caráter de permanência do Messias em tudo o que ele faz. A grande profecia sobre o rei davídico o descreve como alguém que “...julgará com justiça os pobres, e repreenderá com equidade os mansos da terra...” (Is 11.4). A volta de Cristo nesta secção, vencendo os inimigos, não será um ato de vingança própria ou de manifestação arbitrária; será um ato de justiça, refletindo a fidelidade de Deus. Num ação retrospectiva do significado do pensamento, isso nos faz lembrar sua entrada triunfal em Jerusalém montado em jumentinho (Lc 19.35 e ss), quando anunciou a cidade “o dia da salvação”. Aqui, porém, o aludido guerreiro traz no coração “o dia da vingança” (Is 63.4), e vem montado num “cavalo branco”. As Escrituras são infalíveis! “O cavalo prepara-se para o dia da batalha” (Pv 21.31).

12. “E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça
havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia
senão ele mesmo”.


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“...tinham um nome escrito”. O nome “misterioso” de Cristo,provavelmente tem algo a ver com sua soberania e autoridade suprema; pois o mesmo interpretará sua grande vitória no vale do Armagedom. No contexto demonstrativo do versículo 13: “...e o nome (qual?) pelo qual se chama é a Palavra de Deus”; podia-se depreender, embora um tanto vago, o significado do pensamento. Mas o contexto retroativo: “...ninguém sabia senão ele mesmo” afasta qualquer possibilidade que a mente natural não pode compreender. Isso significa que este “nome” em foco, nenhuma boca o pronunciou. Com uma rapidez inconcebível Jesus descerá ao vale naquele grande dia. “Ptolomeu, ao entrar triunfalmente em Antioquia, trazia duas coroas, uma para representar seu poder no Egito, e outra o seu poder na Ásia. O dragão também tinha diademas (12.3) como também o Anticristo (13.1). Mas Cristo é o Verdadeiro governante de todas as nações, e deve usar “muitos diademas”, que é símbolo de realeza suprema”.

13. “E estava vestido de uma veste salpicada de sangue; e o nome
pelo qual se chama é a Palavra de Deus”.


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 “...vestido de uma veste salpicada de sangue”. Em Is 63.1-6, Deus está em foco como um guerreiro vingador. Mas, neste ponto, João não hesita em aplicar isso a Cristo, em sua “vinda para seus santos”, e sim, sua “parousia” (segunda vinda) “com os seus santos”. Cristo pisará o lagar, e, isso é claro, fará que suas vestes fiquem manchadas de sangue de suas vitimas. Isso será justo, porquanto terão derramando muito sangue dos mártires, agora, o sangue deles será espremido (Gn 49.11; Gl 6.7). A grande batalha do Armagedom, em Ap 14.14-20, certamente está aludida aqui. O sangue, neste ponto, não é o de Cristo, conforme se vê em Ap 1.5; 5.9; 7.14; 12.11; mas o de seus inimigos no dia da batalha. O Cristo (Ungido) aqui representado é o guerreiro e dominador do mal, não o redentor. Podíamos objetar que não é o sangue da batalha como indica ser, porque esta ainda não foi travada: Cristo vem para guerrear. Mas a passagem de Is 63.2-3 dar o significado do pensamento: “Por que está vermelha a tua vestidura? e os teus vestidos como os daquele que pisa no lagar?”. (Resposta de Cristo): “Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém houve comigo; e os pisei na minha ira, e os esmaguei no meu furor; e o (“seu sangue”) salpicou os meus vestidos, e manchei toda a minha vestidura”.

14. “E seguiam-no os exércitos no céu em cavalos brancos e vestidos
de linho fino, branco e puro”.


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 “...seguiam-no os exércitos no céu”. Podemos deduzir que, enquanto a Besta e seus exércitos, preparam-se para a grande batalha (16.12-16), o Filho de Deus arregimenta seu poderoso exército celestial. A cor da couraça daqueles é “vermelho fogoso, azul fumegante e amarelo sufírico...”: representando homicídio, guerra e maldade. A couraça dos soldados de Cristo, é de cor “branca”: representando a justiça, a bondade e a pureza. Estará rigorosamente uniformizado o grande número de seus cavaleiros. Não virão para lutar. O tecido e a cor das vestes simbolizam apenas pureza e não guerra. A grande batalha se ferirá na planície do Armagedom, que se estende pelo meio da Terra Santa, do Mediterrâneo ao Jordão. As hostes celestiais somente acompanharão Cristo, assim declara o argumento principal: “...Eu sozinho pisei no lagar...”(Is 63.3a). Seja como for, toda e qualquer batalha entre o mal e o bem, é sempre Jesus quem a fará por nós. “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo...” (2Co 2.14a).

15. “E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as
nações; e ele as regará com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o
lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-poderoso”.


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“...da sua boca saía uma aguda espada”. Esta espada (herebh) é  a Palavra de Deus personificada (2Ts 2.8). Esta espada expressa seu poder tanto físico como moral: no sentido físico seu efeito é visível por aquilo que já demonstramos acima; no sentido moral aquilo que se segue.

I  Na América do Norte viveram há mais de 150 anos atrás, dois homens que
se conheciam. Um era crente, o outro não.

(a) O crente, Edward Jonatan, casou-se com uma moça crente, e no seu lar predominava a leitura da Bíblia e a oração. Esta família teve durante 150 anos 729 descendentes dos quais 300 se tornaram pregadores da Palavra, 65 professores em escolas superiores, 13 catedráticos, 3 deputados e um vice-presidente da nação.

(b) O não crente, Max Junkers, casou-se com uma moça atéia e viveram conforme o seu ideal. Durante os 150 anos a família teve 1.026 descendentes, dos quais 300 morreram prematuramente, 100 foram condenados a prisão, 190 eram prostitutas, 100 alcoólatras.

16. “E no seu vestido e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos
reis, e Senhor dos senhores”. 


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 “...Rei dos reis, e Senhor dos senhores”. Apenas dois monarcas aqui na terra tiveram um titulo como este: Nabucodonosor e Artaxerxes (Ed 7.12). Mas a profecia nos dá ali o desconto imediato: “...és rei (“de”) reis” (Dn 2.37a). O título já havia corrido uma vez com respeito a Cristo, sendo porém, de forma invertida: “...Senhor dos senhores e Rei dos reis” (17.14). O emblema expressivo tinha caracteres tanto na sua “veste” como na sua “coxa”. Entre os gregos era bastante natural um famoso guerreiro trazer sobre sua coxa o título a que tinha direito. Segundo Heródoto a “estátua de Sesóstris tinha na largura do peito, de ombro, uma inscrição com os caracteres sagrados do Egito, onde se lia: “Com meus próprios ombros conquistei esta terra”. E segundo Cícero, havia “uma bela estátua de Apolo, em cuja coxa estava o nome de Miro, em minúsculas letras de prata”. Esta faixa do peito e coxa de Cristo interpretará sua vitória no vale do Armagedom.

17.”E vi um anjo, que estava no sol, e clamou com grande voz, dizendo
a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde, e ajuntai-vos à ceia
do grande Deus”.



 
 “...um anjo, que estava no sol”. A passagem em foco pode ter seu paralelo em Js 10.13, no episódio da guerra de Gibeom, quando “...O sol pois se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro”. Assim, pois, encontramos ali uma intervenção divina “...até que o povo se vingou de seu inimigos...”. O episódio, além da passagem em foco, está registrado no “Livro do Reto”, livro este que vem citado nas seguintes passagens (Nm 21.14; Js 10.13; 2Sm 1.18). Na passagem de Nm 21.14, 15, ele encerra uma poesia em forma sofistica: “Contra Vaebe em Sufá, e contra os ribeiros de Arnom. E contra a corrente dos ribeiros, que se volta para a situação de Ar, e se encosta aos termos de Moabe”. Enquanto que na passagem de 2Sm 1.18, se relaciona, segundo se diz, com “uma canção fúnebre”. Seja como for, este livro sempre está em foco atividades guerreiras.

I  Entre os hebreus, três nomes tinha este livro: (a) Livro do Reto; (b) Livro dos Justos; E (c) Livro das Guerras do Senhor (Nm 21.14; Js 10.13; 2Sm 1.18). Nos dias Davi (1065 a. C.), este livro ainda existia, mas com o passar dos séculos, provavelmente se tenha perdido ou arrebatado por exército invasor, em nossos dias não temos notícias de que alguém tenha encontrado o “Livro do Reto”, a não ser uma publicação, que, em 1751, apareceu na Inglaterra, que pretendia ser uma tradução do Livro do Reto, mas foi reconhecida como grosseiro embuste. Cremos que os fatos citados na Bíblia e no citado livro, se repetirão na batalha do Armagedom. Deus ordenará a um anjo, e logo ao amanhecer ele se colocará “em frente o sol” (cf. Is 13.10; Zc 14.7); é só ao entardecer é que o elevado poder sairá de lá. Observe bem a frase de Zc 14.7: “...só a tarde haverá luz”.

18. “Para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a
carne dos fortes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam;
e a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes”.

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 “...Para que comais a carne”. O versículo em foco, declara o Dr. J. Moffatt
mostra vários grupos que proverão comida para as aves, de todas as camadas da
sociedade e de várias ocupações, mas, especialmente, aqueles que estiverem
envolvidos na luta. Os “reis” não somente enviavam seus súditos à guerra, mas também, às vezes, os acompanhavam (2Sm 11.1; 1Rs 22.4 e ss); Seus soldados treinados para lutar e matar, usavam todas a espécie de armas mortíferas. Alguns deles são livres, e outros escravos. Alguns irão voluntariamente, e outros por serem forçados. Alguns são pequenos, conforme os homens aquilatam as coisas, e outros serão grandes. Desse modo, pois, João retratava a universalidade da matança. Observe-se nesta seção, como o anjo repete “...carne... carne... carne... carne... carne...” cinco vezes. Os homens escolheram andar pela carne, não pelo espírito, e, então, a sua própria carne será comida literalmente!

19. “E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para
fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo, e ao seu
exército”.


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“...os seus exércitos reunidos”. Este versículo leva-nos de volta à descrição da última batalha. Ali está o grande exército do mal congregado em Armagedom para a peleja! (16.16). Nesta passagem e naquelas que se seguem, vemos o grande contraste entre aqueles que participarão das “bodas do Cordeiro” e aqueles que serão alvo na grande “ceia de Deus”. As bodas serão de prazer, mas, a “grande ceia de Deus” (v.17) será de destruição. Nesta ceia as aves comerão a carne dos “reis” e seus aliados, ao passo que nas bodas do Cordeiro os santos festejarão com Cristo como Rei dos reis. O Dr. J. Moffatt diz: “No mundo antigo, o pior opróbrio possível contra os mortos era jazerem eles insepultos, presas dos pássaros”. A mitologia grega explica que os mortos assim humilhados não podem, em espírito, cruzar para a outra vida... e portanto serão lançados sem misericórdia num lugar de isolamento. Aqui, porém, nesta secção, do Apocalipse o Anticristo e seus sequazes sofrerão tudo e mais ainda em grau supremo.

20. “E a besta foi presa, e com ela o falso profeta, que diante dela fizera os sinais, com que enganou os que receberam o sinal da besta, e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre”.


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“...a besta foi presa”. Lemos agora aqui que “a Besta foi presa”, e o vocábulo para presa é diferente de outros termos gregos. Significa lançar não de alguma coisa à força, aprender (assim como o policial lançar mão de um criminoso de alta periculosidade, forçando-o a entrar na cadeia). O Anticristo e seu falso profeta serão lançados vivos no lago de fogo, ou seja, no juízo final, sem intervenção intermediária da experiência do “hades”, o que mostra que o juízo deles será irreversível. O fato de os dois serem lançados (“vivo”) no lago do fogo significa, para alguns comentaristas, que não poderão ser (“homens ordinários”), e, sim, seres demoníacos que se apresentarão como homens. Mas a verdade é que serão homens, embora possuídos por Satanás. Finalmente a grande pedra (“cortada”) cairá no vale de Armagedom, esmiuçando toda a força do mau! A Besta já está presa; seu consorte também; seus soldados mortos! Enquanto que o Filho de Deus triunfante (Dn 2.34 e ss).

21. “E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que
estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas
carnes”.



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“...e todas as aves se fartaram”. Esta passagem em foco é a consolidação do que foi predito por Jesus nas passagens de Mateus 24.28 e Lucas 17.37 respectivamente. Nestas duas passagens lemos o que segue: “Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águas” (Mateus): “E, respondendo, disseram- lhe: Onde, Senhor? E ele lhes disse: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias” (Lucas). O termo “cadáver” em Mateus e a locação “corpo” em Lucas, formam o expressivo plural; para, segundo se diz, indicar os soldados (plural) mortos no vale do Armagedom. Os súditos da Besta, naquele vale, serão devorados por aves famintas preparadas para aquele grande dia.

I  As aves. Em realidade, nesse caso, as “águias” são abutres, que os antigos aceitavam como uma raça de águia especial (Jó 39.30; Os 8.1). Plínio enfatiza isso em sua História Natural. Trata-se do abutre, que ultrapassa a águia em tamanho e poder. Sua natureza é sempre versada num corpo tombado: pois “...onde há mortos, ela aí está” (Jó 39.30; Mt 24.28; Lc 17.37).

II  Aristóteles observa em seus escritos que esse pássaro tem a capacidade de farejar a sua vitima a grande distancia, e que, com freqüência, acompanhavam os exércitos. Lemos também que durante a guerra russa, grande número dessas aves se ajuntou na península da Criméia, e ali estacionou até o fim da campanha, nas cercanias do campo, embora antes, dificilmente fossem vistas naquela parte do País. Também lemos que esses pássaros seguidores dos exércitos mortais, seguiram a Napoleão Bonaparte nos campos gelados da Rússia. A palavra “cadáver”, nesta colocação, deriva-se do verbo grego que no original significa (“cair”), e fala de um corpo caído. Já o nosso termo português “cadáver” vem do vocábulo latino “caído”, cair. Tudo isso aponta para a grande carnificina no vale do Armagedom.



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