1. “E O QUINTO anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que do céu
caiu na terra; e foi-lhe dada a chave do poço do abismo”.
João não percebeu a queda da estrela; mas viu-a já caída do céu. Uma chave lhe é
dada; o anjo toma-a a usa para abrir o “poço do abismo”.
I Observemos que a descrição do juízo da quinta trombeta que é o primeiro “ai”, em sua descrição, ocupa um espaço de onze versículos, porquanto há completa descrição da invasão por parte das hostes infernais, e aquilo que elas são. O espaço extraordinariamente grande dado a essa visão, deve-se à tremenda modificação, para pior, que isso trará para a humanidade. O quadro geral deste juízo divide-se em três partes, a saber: (a) descrição geral, vs. 1 a 6; (b) descrição específica dos gafanhotos infernais, vs. 7 a 10; (c) descrição do “anjo do abismo”. O rei dos gafanhotos, v. 11. O presente juízo neste capítulo, começa com a queda de “uma estrela”. A palavra “estrela” que freqüentemente, aparece nas Escrituras, não tem sentido uniforme, mas versátil; pode significar um homem (cf. Gn 37.9 e Ap 1.20) ou um angelical, santo ou decaído, dependendo do contexto. No presente texto porém, a “estrela” significa o próprio Satanás, que é o “anjo do abismo”. (Ver v.11). No livro do profeta Isaías 14.12 há uma passagem paralela à do texto em foco: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançada por terra, tu que debilitavas a nações!”. Os anjos da Bíblia, especialmente na poesia, são chamados de “estrelas (cf. Jó 38, e Ap 12.4-9). Neste versículo ela é, pois, um ser pensante, um anjo decaído, Satanás o opositor de Deus e dos homens.
2. “E abriu o poço do abismo, e subiu fumo do poço, como o fumo de
uma grande fornalha, e com o fumo do poço escureceu-se o sol e o ar”.
(VER A CONSUMAÇÃO DESTE FLAGELO EM APOCALIPSE 16.10, QUE DIZ: “E O QUINTO anjo derramou a sua taça sobre o trono da besta, e o seu reino se fez tenebroso...”).
“...escureceu-se o sol e o ar”. Deve ser observado que, no primeiro estágio ou introdução deste juízo “escureceu-se o sol e o ar”. Na sua consumação porém, conforme descrita no capítulo 16.10, o reino da Besta “se fez tenebroso; e eles (seus súditos) mordiam as suas línguas de dor”. Porém, tanto no início como na consumação: o mundo habitável foi mergulhado na “escuridão”.
I O poço de abismo. Alguns estudiosos traduzem também por “fenda do abismo”, isto é, porque grego “phear” tem esse sentido. O poço do abismo aqui referido, não quer dizer apenas “o abismo” (sentido comum), mas “o poço do abismo”, isto é, “o mais interior da cova” (cf. Ez 32.23), ali pois, por expressa ordem de Deus, estão encarcerados os poderosos que zombaram de Deus na “terra dos viventes”. Ezequiel diz que, sete nações desceram ali e que “seus sepulcros foram postos no mais interior da cova” (cf. Ez 32.18, 21 e ss). Nas epístolas de Pedro e Judas, encontramos anjos ali aprisionados (2 pd 2.4 e Jd v. 6). No contexto teológico, e bíblico, esse é um lugar chamado de “região tenebrosa e melancólica, onde se passa uma existência consciente, porém e inativa”; longe de Deus (2Sm 22.6; Sl 9.17). “Há uma tradução entre os escritos judaicos que diz: Originalmente, o poço do abismo era reputado como o lugar que abrigava “os espíritos em prisão”; mas ali viveram apenas como “sombras” a vaguearem ao redor”.
II Hades. “O escondido”. A palavra encontra-se em Mt 11.23; 16.18; Lc 16.23;
At 2.27, 31; Ap 1.18; 6.8 e ss); é o equivalente de Sheol do Velho Testamento. O Dr. C. I. Scofield chama a nossa atenção para dois pontos importantes: (a) “Antes da ascensão do Cristo, as Escrituras dão a entender que Hades consistia de duas partes, os lugares dos salvos e dos perdidos, a primeira chamada “Paraíso” e o “Seio de Abraão”, ambas as expressões vêem do Talmud dos judeus, mas foram empregadas por Jesus e Paulo, em Lucas 16.22 e 23.43; 2Co 12.1-4, conscientes e eram “consolados” (Lc 16.25). O ladrão crente havia de estar nesse mesmo dia com Cristo no “Paraíso”. Os perdidos eram separados dos salvos por “um grande abismo” (lc 16.26). Um homem que representa os perdidos do Hades, é o rico de Lucas (16.26). Ele era consciente, senhor de todas suas faculdades, memória, etc. e “em tormento”. (b) Hades “depois” da ascensão de Cristo. No que diz respeito aos não salvos, a Escritura não revela nenhuma mudança no seu lugar ou estado. No julgamento do Grande Trono Branco, Hades comparecerá ali; sua missão será, entregar os “mortos que nele havia”. Serão julgados, e passarão ao “Lago de Fogo e de Enxofre” (Ap 20.13, 15). No contexto de Lucas 16.23, o “Paraíso” é retratado como estando “acima” do Hades. Isso é observado nas próprias palavras: “E no Hades (o rico), ERGUEU os olhos...”. Quanto ao “Paraíso” houve uma mudança. Paulo foi arrebatado ao terceiro céu... ao Paraíso (2Co 12.1-4). O Paraíso, pois, agora está imediata presença de Deus, “debaixo do Altar”, em “frente do trono” (cf. Ap 6.9 e 7.9, 15). Entende-se que (Ef 4.8-10) indica a ocasião da mudança: “Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro”. Acrescenta-se imediatamente que Ele (Cristo) tinha primeiro “descido às partes mais baixas da terra?”, isto é, à parte do Hades que era o Paraíso. As almas que foram mortas durante o período sombrio da Grande Tribulação, são imediatamente colocadas debaixo do altar que evidentemente, é parte do Paraíso (Lc 23.43; Ap 6.9 e ss). Durante o período atual os salvos que morreram estão “ausentes do corpo e presentes com o senhor.
como o poder que têm os escorpiões da terra”.
4. “E foi-lhe dito que não fizessem dano à erva da terra, nem a verdura
alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm na
suas testas o sinal de Deus”.
“...E foi-lhe dito que não fizessem dano à erva da terra”.Este versículo tem seu paralelo na passagem de Joel (2.3): “Diante dele (do exército de gafanhoto) um fogo consome, e atrás dele uma chama abrasa; a terra diante dele é como o jardim do Éden, mas atrás dele um desolamento; sim, nada lhe escapará”. No Antigo Testamento, a invasão de gafanhotos era uma punição terrível de Deus (cf. Êx 10.12 e ss). Essa idéia teológica de fundo o autor do Apocalipse a desenvolve com riqueza de pormenores. Esses anjos rebeldes, como já ficou definido acima, são vistos no presente texto, como sendo gafanhotos infernais. Eles não formaram a nuvem, mas saíram dela. No dizer de Charles: “Os gafanhotos (animais) foram a oitava praga do Egito. Mas estes são diferentes dos gafanhotos ordinários da terra: terão ferrões nas caudas, como se fossem escorpiões. Com os ferrões é que feriam, e não com a boca, como fazem os gafanhotos naturais; na realidade, foram proibidos de tocar nas árvores ou em qualquer erva verde”.
I Os gafanhotos naturais não têm rei (cf. Pv 30.17), esses porém, têm “sobre si, rei, o anjo do abismo” (v.11). Observemos ainda dois pontos focais nesta secção: (a) O texto em foco, diz que, os gafanhotos são seres inteligentes, discernem, pois receberam ordem exclusivamente para não tocar “...à erva da terra, nem a verdura, alguma, nem a árvore alguma, mas somente aos homens que não têm nas suas testas o sinal de Deus”. O autor alude ao trecho de (Ap 7.1 e ss). Ali, os quatro anjos guardiões das forças da natureza, são proibidos de danificar as “verduras”, até que sejam assinalados “os servos” de Deus. Aquele capítulo passa, então, a descrever os 144.000: (b) “Assim como Israel, no Egito, escapou das pragas que puniam aos seus vizinhos egípcios, assim também o novo Israel (144.000) será isolado dos ataques dos gafanhotos que emergirão do abismo”.
5. “E foi-lhes permitido, não que os matassem, mas que por cinco
meses os atormentassem; e o seu tormento era semelhante ao tormento
do escorpião fere o homem”.
“...cinco meses”. Esta expressão é repetida no versículo dez do presente
capítulo. É a extensão normal da vida de um gafanhoto ordinário.
I Focalizemos dois pontos importantes na presente secção: (a) as
interpretações históricas; (b) os gafanhotos literais:
(aa) Algumas interpretações históricas pensam que esse número simboliza um período muito mais longo, pois cada dia seria igual a um mês ou algum outro período de tempo. Em seguida procuram encaixar o resultado em algum evento histórico, usualmente de caráter militar, como o ataque dos sarracenos, sob Maomé, ou como os ataques posteriores, que assaltaram o Egito, a Palestina, a Síria, Constantinopla e outros lugares. Nesse caso, os “gafanhotos” seriam os próprios “sarracenos”. Essa maneira de interpretar o texto, dificilmente se coaduna com a tese principal. Sendo dias proféticos, assim um dia representava “um ano” (cf. Nm 34.14 e Ez 4.6), afiançando que esse tempo está envolvido entre 612 a 762 d.C.
(bb) Os gafanhotos literais nascem na primavera e morrem no fim do verão (de maio a setembro); exatamente cinco meses. Durante esse tempo, ele se mostra ativo, e qualquer destruição por ele produzida, tem lugar cinco meses. A praga dos gafanhotos sobrenaturais durará também “cinco meses”. Esse espaço de tempo, é mencionado nas Escrituras com um sentido especial; nele Deus trouxe o dilúvio “sobre o mundo dos ímpios”. Exatamente “cinco meses”: (de 17 do mês segundo;
maio, ao dia 17 do sétimo mês: setembro), prevaleceram as águas na terra (cf. Gn 7.11 e 8.4). Exatamente “cinco meses”. As Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! “Aqui notamos a preocupação de poupar a vida aos homens, conservando-lhes a possibilidade de arrependimento, embora sob o aguilhão da dor. Tiveram um prazo, porém, não buscaram a vida, mas inutilmente procuraram a morte”.
6. “E naqueles dias os homens buscarão a morte, e não a acharão; e
desejarão morrer, e a morte fugirá deles”.
I. “...e a morte fugirá deles”. O versículo em foco, tem seu paralelo no livro
do profeta Joel (2.6): “Diante dele (do exército de gafanhotos) temerão os povos; todos os rostos são como a tisnadura da panela”. Os gafanhotos infernais receberam poder semelhante ao dos escorpiões. Os viajantes do Oriente Médio, onde os escorpiões são comuns, precavêem-se destas criaturas, que muitas vezes são encontradas debaixo de pedras soltas e em ruínas, pois suas ferroadas são severas e doridas quando perturbados. Esta arma de ataque é um instrumento de dor excruciante, perturbação mental e até mesmo a morte. No livro de Jó (3.21) encontramos homens amargurados de ânimo procurando a morte: “...que esperam a morte, e ela não vem: e cavam em procura dela mais do que tesouros ocultos”. Esta é a única passagem nas Escrituras em que a morte foge dos homens, ao invés de o homem fugir da morte. Os homens da quinta trombeta se transformarão num verdadeiro comando suicida, porém seus intentos serão frustrados, pois a morte estará presa durante aqueles dias. O sofrimento dos homens chegará a uma intensidade tal, durante a Grande Tribulação, que a humanidade em geral concordará que mais vale a pena morrer, o que será uma avaliação pervertida da morte. Isso lembra-nos das palavras de Heródoto ao relatar o relatório de artabano e Xerxes: “Não há nenhum homem, entre esta multidão ou noutro lugar, que seja tão feliz que nunca tenha sentido o desejo – e não digo apenas uma vez, mas muitíssimas vezes de estar morto, e não vivo. As calamidades nos sobrevêm, as enfermidades nos assediam e desesperam, fazendo com que a vida, embora tão curta, pareça longa. Assim também a morte, mediante a miséria da nossa vida, é o mais doce refúgio de nossa raça”. O pecado leva o homem a esse extremo; esse é o resultado da queda no pecado: eles vivem nele; e sua recompensa é a “morte” (cf. Rm 6.23 e ss).
7. “E o parecer dos gafanhotos era semelhante ao de cavalos aparelhados para a guerra; e sobre as suas cabeças havia umas como coroas semelhantes ao ouro; e os seus rostos eram como rostos de homens”.
sito é, (8, 9, 10) descrevem nove pontos (ou caracteres) importantes na descrição
geral dos temíveis gafanhotos:
I (a) “Cavalo aparelhados para a guerra”. Sugestivamente, certas línguas, levadas pelo aspecto da cabeça do gafanhoto, dão-lhe nome que sugere o cavalo (Cavalleta = italiano; Heupferd ou cavalo de feno = alemão, etc.). A descrição dos “animais” é horripilante e hedionda; João nada viu na terra que pudesse realmente dentificar-se com essas criaturas vinda do mundo exterior. Teve de servir-se dos mais desconexos elementos comparativos para descrever-lhes a monstruosa aparência. Eles são vistos equipados; Isso indica que eles pertenciam a uma “Ordem de Guerreiros” vindo do “poço do abismo”. O cavalo é rápida e forte, e produz a morte sem misericórdia (cf. Jó 39.19-25; Sl 33.17; 147.10). “Terrível é o fogoso respirar das suas ventas” (Jó 39.20). Sendo que, essas criaturas são mais ainda em grau supremo!
(b) “Coroas semelhantes ao ouro”. Os gafanhotos descritos por João, trazem algo parecido “como coroas”, em contraste com expressão em Apocalipse 4.4; 6.2; 12.1 e 14.14. Alguns intérpretes observam que as cabeças dos animais terminam em forma de “Coroa”, como se fossem de ouro. A passagem em foco, nos leva a pensar que, os gafanhotos pertenciam a uma “ordem real” do “poço do abismo”, por cuja razão “tinham si, rei”. O rei dos terrores! (Jó 18.18 e Ap 9.11). São seres animalescos de natureza bestial!
(c) “Seus rostos eram como rostos de homens”. No paralelismo de Joel 2.7, os temíveis animais, andarão como se fossem homens: “Como valentes correrão, como homens de guerra subirão os muros; e irá cada um nos seus caminhos e não se desviarão da sua fileira”. Os rostos semelhantes aos de homens dessas horas espirituais, sugerindo inteligência e capacidade humana, dar-lhes-ão terror adicional. Alguns estudiosos aceitam isso literalmente, como se dá no caso dos intérpretes históricos. “São homens”, dizem eles, “como sarracenos”. Porém, para nós, essa forma de interpretação não se harmoniza com aquilo que é depreendido do texto em foco. Segundo um rabino; A expressão: “rostos como de homens”. Significa “uma face irada” (Pv 25.23) e dura de ser encarada como a “pederneira” (Ez 3.9).
8. “E tinham cabelos como cabelos de mulheres, e os seus dentes
eram como de leões”.
ao versículo anterior:
I (d) “Tinham cabelos como de mulheres”. Entre os comentaristas são seguidas várias interpretações sobre a presente expressão: (a) porque as antenas dos gafanhotos sugerem isso, conforme pensam alguns intérpretes, como diz um provérbio árabe: “o gafanhoto tem cabeça de cavalo, peito de leão, pés de camelo, corpo de serpente e antenas como cabelos de mulheres”. Algumas traduções trazem: “cabelos longos como de uma moça”. Seja como for, neles havia algo feminino. (b) Ou então, conforme poderíamos esperar, os “sarracenos” usavam os cabelos compridos, segundo dizem os intérpretes históricos e em muita das vezes foram confundidos por alguém como se fossem mulheres. (c) Eram monstros cabeludos como são descritos por Isaías 13.21: “...e os sátiros pularão ali”. Isto é, “sã’ir” – Lv 17.7; 2Cr 11.15. O termo significa “cabeludo” e aponta para o demônio como sendo um sátiro: demônio feminino da noite, etc. (d) Para outros (talvez a forma predominante) “Eram seres destituídos dos elevados padrões morais como bem pode ser contemplado numa figura de retórica: “...rapazes escandalosos”, cf. 2Rs 22.47 e 1Co 11.4, 7, 14.
(e) “Seus dentes eram como de leões”. Esta figura é emprestada de Joel (1.6 e ss), onde uma nação hostil é comparada à ameaça de uma praga de gafanhotos, que, destruiria toda verdura do campo: “...os seus dentes são dentes de leão, e têm queixadas de um leão velho”. Na simbologia profética, isso significa “sua terrível capacidade de destruição, sua voracidade incessante e brutal”. A implicação desta figura é que os terríveis gafanhotos nascidos da fumaça, serão cruéis, selvagens e implacáveis no tormento que causarão aos homens sem Deus.
9. “E tinham couraça como couraças de ferro; e o ruído das suas asas
era como o ruído de carros, quando muitos cavalos correm ao combate”.
“...couraças como couraças de ferro, etc”. Temos aqui a sexta e a
sétima descrições dos gafanhotos. As suas ‘couraças” e o “ruído temível de suas
asas”:
I (f) “Couraças como couraças de ferro”. Os temíveis animais tinham por assim dizer, couraças de ferro. Essas agentes infernais de torturas são imunes a qualquer destruição pessoal. No presente versículo, vemos o corpo escamoso dos gafanhotos comparado a uma couraça. O General filistino, Golias, trazia também em volta de si uma couraça “escameada” (1Sm 17.5). Aquele poderoso gigante era o maior homem do mundo. Ele, foi sem dúvida, um agente direto de Satanás como também, esses serão, porém, em grau supremo.
(g) “O ruído das suas asas”. Observemos aqui a seqüência do paralelismo tirado de Joel 2.5: “como o estrondo de carros sobre os cumes dos montes irão eles saltando; como ruído da chama de fogo que consome a pragana, como um povo poderoso, ordenado para o combate”. O Dr. Robertson (in loc) declara o que segue: “O quadro gráfico do avanço de exames de gafanhotos infernais e a total incapacidade de resistir a eles, é dado aqui, como o “som de carros”, de muitos cavalos que avançam para a guerra”. O tinido e o clangor das rodas dos carros e o sacolejar dos cavalos, são aqui personificados (cf. Jl 2.4).
10. “E tinham caudas semelhantes às dos escorpiões, e aguilhões nas
suas caudas; e o seu poder era para danificar os homens por cinco
meses”.
“...tinham caudas... e aguilhões”. Encontramos aqui a oitava e nona
características dos gafanhotos. Nesta secção, o autor sagrado retorna às idéias
gerais segundo se descrevem dos versículos três e cinco deste capítulo:
I (h) “Caudas semelhantes às dos escorpiões”. O texto em foco, nos faz lembrar de uma curiosidade interessante: “...Há uma espécie de gafanhotos, do nome científico “Acridium Lineola”, comumente vendidos nos mercados de Bagdá (Capital do Iraque), como alimento, que tem ferrões nas caudas”. Sendo porem, que aqueles, são ordinários; esses, porém infernais. Os naturalistas dizem-nos que o escorpião sacode a cauda constantemente a fim de atacar, e que o tormento causado por suas picadas é muito severo. Tudo isso, e mais ainda, será encontrado em grau supremo nos horripilantes animais contemplados por João.
(i) “Aguilhões nas suas caudas”. Na declaração de Jesus a Paulo no caminho de Damasco (At 9.5), o “aguilhões” representa uma força irresistível. A presente expressão proverbial, era também encontrada em diversos autores de diferentes culturas, sob uma ou outra forma. Tem sido encontrada nos escritos dos poetas gregos e até helenistas. Ela era tomada no sentido de representar uma força espiritual, uma força do mal; que só pode ser resistida por uma superior – O Espírito de Deus (cf. Lc 10.19). Num cômputo geral na apreciação de João sobre esses seres, observemos o que segue: (a) São gafanhotos, mas têm a malícia de escorpiões. (b) Avançam como soldados montados para a batalha. (c) Usam coroas. (d) Têm a semelhança de homens em seu rosto. (e) Há algo de feminino em sua aparência. (f) Em sua voracidade são quais leões.
11. “E tinham sobre si rei, o anjo do abismo; em hebraico era o seu
nome Abadom, e em grego Apoliom”.
I (a) Abadom; (b) Apoliom: em ambas as línguas quer dizer “destruidor”. (aa) ABADOM. Abadom, é um termo hebraico que significa “destruição” ou “ruína”, conforme se vê em Jó 31.12. Algumas vezes é usado como equivalente da “morte”. A palavra é também usada para o lugar da destruição, sinônimo de Sheol ou mundo invisível dos mortos em (Jó 26.6; 28.22; Pv 15.11 e 27.20), e é usada para o próprio mundo dos mortos (em Jó 31.12; Sl 88.11). João traduz a palavra para o grego não para o termo equivalente, apoleia, “destruição”, mas por um particípio, apollyin, que significa “o destruidor”. (bb) APOLION. Apoliom, esse termo grego é cognato do Apollumi, verbo que significa “destruição”, e sua tradução em português acompanhou o sentido original de “destruição”. Seja como for, é essa a missão sombria do “anjo do abismo”: “Matar e destruir”. Ele é chamado de “o destruidor” porque do ponto de vista divino de observação é o que ele é! (cf. Jo 10.10).
12. “Passado é já um ai; eis que depois disso ainda dois ais”.
“...Ais ”. O profeta Ezequiel, profeta do cativeiro, fala em seu livro de “...lamentações, e suspiros e ais” (cf. Ez 2.10). O primeiro “ai” é a quinta trombeta. O trecho de Ap 9.1-11 ocupa-se com a descrição desse primeiro “ai”. O segundo “ai” é o juízo da sexta trombeta, descrito em Ap 9.13-21 e o terceiro “ai” é o juízo da sétima trombeta, descrita em Ap 11.15-19. Durante o período da Grande Tribulação, os juízos de Deus ir-se-ão tornando progressivamente mais severos, procurando levar os homens ao arrependimento. Porém, os homens terão mergulhado nas densas trevas do mal. Por conseguinte, o curso inteiro das mais tremendas punições terá de sobrevir contra eles, até a plenitude dos tempos (o Milênio) que virá com o “refrigério” de Deus (At 3.19-21. Finalmente, isso trará uma “nova era”, o Milênio, como é anunciado no terceiro “ai” desta secção (11.15), porquanto purificará a terra, possibilitando a ocorrência da “Parousia” ou segundo advento de Cristo. Porquanto, os juízos divinos sempre têm um propósito disciplinador e restaurador, e não meramente vingativo.
13. “E tocou o sexto anjo a sua trombeta, e ouvi uma voz que vinha
das quatro pontas do altar de ouro, que estava diante de Deus”.
“...do altar de ouro”. A sexta trombeta do texto em foco, é, pela ordem, o segundo “ai” desta série de três (ver 8.13 e 9.12). A poderosa voz para execução do mesmo, partiu do “Altar de ouro” que está diante de Deus. João não identificou a voz que falou, mas certamente foi a voz de Deus. “Os judeus supunham que o “Templo de Jerusalém” (ou, originalmente, a tenda armada no deserto) era apenas uma “cópia” de um “Templo Celeste”. Portanto, criam que as secções e itens do templo terreno tinham paralelos nos céus” (cf. Hb 8.5 e 9.23). Assim, temos também aqui o “altar” (havia o altar do holocausto e o altar do incenso no tabernáculo terrestre; o primeiro fora do lugar Santo, e segundo não muito distante do Véu diante do Santo dos Santos). Mui provavelmente havia apenas um, feito de “ouro” (tal como de “ouro” era o altar do incenso). Neste altar, ou altares, havia pontas ou “chifres” como é mencionado na passagem em foco. O sangue dos sacrifícios era ali passado, conforme se vê em Êx 29.12 e Lv 7.18. Quando alguém, era perseguido, se agarrava a esses chifres – aqui traduzidos por “ângulos” – dava a entender que fugia, já que aquele era um lugar ou local de refúgio (cf. 1Rs 2.28). Neste livro, também, o altar é considerado como um lugar de refúgio (cf. 6.9 e 7.15).
14. “A qual dizia ao sexto anjo, que tinha a trombeta: Solta os quatro
anjos, que presos juntos ao grande rio Eufrates”.
(VER A CONSUMAÇÃO DESTE FLAGELO EM APOCALIPSE 16.12, QUE DIZ:
“E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates...”).
“...o rio Eufrates”. Esse rio é mencionado por 21 vezes nas Escrituras. É chamado de “grande rio” por cinco vezes. Era a fronteira oriental, tal como o mar Mediterrâneo era as fronteira ocidental da herança de Deus, Israel. A partir de sua boca, podia ser navegado por pequenas embarcações por cerca de 1.900 quilômetros. Formava as fronteiras de Israel ao norte (cf. Gn 15.18; Dt 1.7 e Js 1.4). Assim o rio Eufrates servia de defesa natural à nação eleita contra o exército vindo do norte, especialmente da Assíria. Era conhecido dos antigos povos como “grande rio”, por ser o maior que se conhecia na área da Palestina. Em Ap 16.12 (o juízo da sexta taça), o rio Eufrates secará, permitindo que os exércitos chineses? (reis do Oriente) e seus satélites invadam a Terra Santa com 200.000.000 de cavaleiros, dando lugar à grande batalha do Armagedom.
15. “E foram soltos os quatro anjos, que estavam preparados para a
hora, e dia, e mês, e ano, a fim de matarem a terça parte dos homens”.
16. “E o número dos exércitos dos cavaleiros era de duzentos milhões;
e ouvi o número deles”.
I Baseados em Ap 16.12, cremos que a China e seus satélites são o princípio de formação dessa grande profecia. Para o vidente João, totalmente atônito ante o número imenso dos cavaleiros, faz uma pausa para falar diretamente a esse respeito. Literalmente, o grego diz: “dois dez mil de dez mil”, isto é, duzentos milhões. No presente texto, não é mencionado um exército de carros, mas de cavalos – cavalaria. Os quatro anjos prisioneiros a pouco assumem o comando invisível desse poderoso exército sombrio (9.14). Orientando-o tomar direção à Terra Santa, concentrando-se, logo a seguir, na grande planície que se estende do Jordão ao Mediterrâneo.
17. “E assim vi os cavalos nesta visão; e os que sobre eles cavalgavam
tinham couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e as cabeças dos cavalos eram como cabeça de leões; e de suas bocas saia fogo e fumo e enxofre”.
modernas de artilharia?
I A maior parte dos comentaristas se dividem na questão. Para alguns são cavalos literais; para outros, porém, são armas modernas de artilharia e, ainda outros opinam que são cavalos sobrenaturais. Observemos três pontos importantes sobre isso:
(a) Lendo as seguintes passagens (Pv 21.31; Zc 14.15; Ap 9.15; 9.14; 14.20;
19.18), leva-nos a pensar que são cavalos literais:
(b) Lendo passagens como (2Rs 2.11; 6.17; Ap 19.11, 14) e fazendo um paralelismo do significado do pensamento, leva-nos pensar que são cavalos sobrenaturais:
(c) Lendo passagens como (Ap 9.17-19; 16.13-14), leva-nos a pensar que não são cavalos literais e nem sobrenaturais e sim, armas modernas de guerra. Cremos que o Apóstolo João em sua visão futurística, faz menção, exatamente, às armas mais modernas usadas em seus dias: o cavalo que, na simbologia profética das Escrituras, represente para nós, as possíveis armas modernas da atualidade. Mas não é de admirar que, o Anticristo usará todos os meios concebíveis de seus dias e, mesmo que usando, suas armas modernas, possa contar, segundo se pensa, com um exército moderno de cavalaria para possíveis eventualidades (cf. 2Ts 2.9).
18. “Por estas três pregas foi morta a terça parte dos homens, isto é,
pelo fogo, pelo fumo, e pelo enxofre, que saia das suas bocas”.
19. “Porque o poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas.
Porquanto as suas caudas são semelhantes a serpentes, e têm cabeças, e
com elas danificam”.
. “...o poder dos cavalos está na sua boca e nas suas caudas”.O número dos exércitos da cavalaria é surpreendente. É de “vinte mil vezes dez milhares”, ou duzentos milhões. O aspecto dos cavaleiros é aterrador. Atenção, no entanto, não se fixa tanto nos cavaleiros como nos cavalos. “Na mente dos judeus os cavalos trazem comumente uma idéia de terror”.
I A visão vista por João sobre estes “cavalos” compreende também os “cavaleiros”. Os cavaleiros parecem ser de pouca monta (importância) em relação aos cavalos, que causam maior terror; eles apavoram e destroem. A atribuição de caudas, como de serpentes, àqueles cavalos que sopravam fogo, os torna tremendamente grotescos. Podemos observar que nos versículos anteriores, “...os cavaleiros têm couraça de vermelho fogoso, azul fumegante e amarelo sulfúrico...”. São verdadeiras couraças que inspiram “cisma” e “extremo terror”. “Os adversários virão velozes como cavaleiros, fortes como leões, venenosos como as serpentes, a soprarem elementos que cegam e queimam com poder mortal. Temos aqui, portanto, força mortais, letais, poderosas, maliciosas e incansáveis, enviadas contra a humanidade, por causa de seus pecados e de seu mundanismo”.
II “João vê agora todos os horrores da guerra. Em seus dias a cavalaria era uma força das mais terríveis, e ele vê esta em primeiro lugar. Mas enquanto olha, toma consciência de que estes não são “cavalos comuns” mas monstros estranhos que destroem com a fumaça que lhes sai da boca, e de outras bocas na “ponta das caudas” como as de serpentes. Não há dúvida de que oi permitido a João ver os instrumentos destruidores na forma de artilharia”. Mas tudo controlado, por poderes do mundo exterior.
20. “E os outros homens, que não foram mortos por estas pragas, não se arrependeram das obras de suas mãos, para não adorarem os demônios, e os ídolos de ouro, e de prata, e de pedra, e de madeira, que nem podem ver, nem ouvir, nem andar”.
nos dois pontos distintos: demônios e ídolos:
I (a) Demônios. São seres espirituais do mundo tenebroso, assim chamados, em virtude de suas disposições hostis, opondo-se contra Deus e contra os homens. O Senhor Jesus, em seu imortal ensino, falou da existência deles. Os profetas do Antigo Testamento, e os escritores do Novo, comprovam a mesma realidade (cf. Lv 17.7; Sl 106.37; Mt 4.22; 8.16, 18, 33; 12.22; Mc 1.32; 5.15, 16, 18; Lc 6.18; 9.39; At 8.7; 16.16; 1Co 10.20; Tg 2.19; Ap 16.14). Entre os gregos tinha vários significados a palavra “demônios”; às vezes era considerado um deus, ou uma divindade no sentido geral; O gênio ou a fortuna; A alma de alguém que pertenceu a idade de ouro; E que se transformou em divindade tutelar. Um deus de categoria inferior. As Escrituras sempre focalizam os demônios, como seres imundos, violentos e maliciosos.
(b) Ídolos. Paulo diz que “o ídolo nada é no mundo” (1Co 8.4). Mas, em razão de ser cego, surdo e paralítico. Torna, como arma de Satanás, o homem cego, surdo, apático. O texto em foco, tem seu fundo histórico no Salmo 115, onde lemos: “Os ídolos deles (dos pagãos) são prata e ouro, obra das mãos dos homens. Têm boca mas não falam; têm olhos, mas não vêem; Têm ouvidos, mas não ouvem; nariz têm, mas não cheiram. Têm mãos não apalpam, têm pés, mas não andam...” (vs. 4 a 7). Tememos o sábio conselho deste mesmo autor do Apocalipse: “Filhinhos, guardai- vos dos ídolos”. Amém.
21. “E não se arrependeram dos seus homicídios, nem das suas
feitiçarias, nem da sua prostituição, nem das suas ladroíces”.
Passei para agradecer seu comentário, e desejar-lhe muita paz e fraça do Senhor Jesus.
A Palavra de Deus é Viva e eficaz, Ela não muda e a seu tempo se cumprirá.
Um abraço e tudo de bom.